Betina Kopp, "Off Flip"_poeMatrix 3.0, 2016 |
a minha mulher cavala
pisa firme no
chão
cavalga forte
na trilha
sonora cósmica
do coração
ela não pára
determinada
ela quer
seguir
sem relinchar
ela é forte
mesmo
pesada por
fora
carcaça
ela é leve
por dentro
amável
puro amor
ela é sincera
e é o meu
escudo
é a minha
deusa
é a minha
cara à tapa
e ela só quer
voltar
cavalgar
montar
e ser montada
livre
leve
firme
e forte
Betina II
o
meu tempo
é quando
é quando
o tempo
é
o maior tesouro
que
um homem
pode
dispor
embora
inconsumível
o
tempo
é
o seu melhor alimento
sem
medida que o conheça
o
tempo é contudo o nosso bem
de
maior grandeza
não
tem começo
não
tem fim
rico...
não
é o homem
que
se coleciona
num
amontoado de moedas
nem
aquele devasso
que
estende mãos e braços
em
terras largas
rico...
só
é o homem
que
aprendeu piedoso
e
humilde
a
conviver
com
o tempo
aproximando-se
dele
com
ternura
não
se rebelando
contra
o seu curso
brindando-o
antes
com
sabedoria
para
receber dele
os
seus favores
e
não sua ira
o
equilíbrio da vida
está
essencialmente
nesse
bem supremo
e
quem souber
com
acerto
a
quantidade de vagar
ou
de espera
que
se deve por nas coisas
não
deve nunca
buscar
por elas
e
se defrontar
com
o que não é
pois
só a justa
medida
do
tempo
da
justa
natureza
das
coisas
porque
o tempo
o
tempo
o
tempo não pára
não
pára não!
tantos
poemas que perdi
tantos
que eu ouvi de graça
pelo
telefone
ta
aí!
eu
fiz tudo pra você gostar
fui
mulher vulgar
meia
bruxa
meia
fera
rizinho
modernista
arranhando
na garganta
malandra
bicha
bem
viada
vândala
talvez...
maquiavélica
e
um dia
emburrei-me
vali-me
de mesuras
era
uma estratégia
fiz
comercio
avara
embora
um pouco burra
porque
inteligente
me
punha logo rubra
ou
ao contrario
cara
pálida
que
desconhece
o
próprio cor de rosa
e
tantas fiz
talvez,
querendo agora
a
outra cena
â
luz de spots
talvez
apenas
o
teu carinho
mas
tantas...
tantas
fiz
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